Ponto de mudança
 
Entrevista a Miguel Garcia Lima, director executivo da Sedus Espanha, falando da abertura do novo espaço da marca alemã em Madrid. Uma conversa sobre as razões deste investimento, os crescentes atractivos do mercado ibérico e as novas formas de interacção com os diferentes agentes de mercado.

Entrevista: Tiago Krusse
Imagens e fotografias: Cortesia da Sedus Espanha

Miguel Garcia Lima, director executivo da Sedus Espanha.

O que levou a Sedus a abrir um novo espaço na Avenida Velázquez em Madrid?
Há vários anos que planeamos abrir um showroom em Madrid, mas houve circunstâncias fora do controlo da Sedus que nos impediram, mas finalmente conseguimos. Os motivos são vários, sobretudo estar perto dos nossos clientes num espaço onde possam partilhar experiências e trabalhar nos seus projectos, num ambiente especial e adequado, onde apresentamos os nossos produtos, com todos os detalhes e cuidados. O design, os materiais, a iluminação e a tecnologia.

Qual o valor total de investimento e quem foram os responsáveis pelo projecto e execução da obra?
O investimento total foi superior a 270 mil euros e contou com a colaboração na concepção do BICG e execução de trabalhos de diversas empresas por mim dirigidas. Dada a minha experiência na gestão deste tipo de projectos, tudo o que isto envolveu tem sido algo de muito pessoal.
As principais empresas foram a UDM na execução de obras, a Euroclima na instalação de ar condicionado, a rede de electricidade e dados IEASA, a Intec em revestimentos e pavimentos. Depois grandes marcas como a Trilux, em iluminação, a Götessons, em painéis e elementos acústicos, a Vescom com cortinas e revestimentos, a Interface em pavimentos e a Boln, em mobiliário externo, entre outros.

Quem são os agentes visados pela marca no mercado espanhol?
Totalmente multidisciplinar, desde arquitectos, designers de interiores, designers, distribuidores e clientes finais, e profissionais de facility management, prevenção de riscos e recursos humanos. Todos eles com peso crescente na tomada de decisões no mundo do trabalho.

Onde ocorreram as principais mudanças no segmento de mercado de escritórios e como é que o trabalho a partir de casa alterou a filosofia de evolução da marca face às novas realidades?
Pois bem, a pergunta pode ser totalmente respondida pelo projecto deste ano, a partir do qual giram os nossos novos e futuros lançamentos para a próxima Orgatec 2024. O mote Work and the City como influência nos espaços de trabalho nas cidades e como os escritórios os influenciam, isto significou uma mudança total na forma como os espaços de trabalho são projectados. Agora iniciamos os projectos a partir dos pontos de encontro, como os utilizamos e as experiências que procuramos neles. Por exemplo, um dos desígnios principais na concepção de espaços de trabalho são os escritórios, um local de encontro onde podemos não só tomar um café mas onde também é possível partilhar, fazer encontros, trabalhar informalmente num projecto e onde encontrar os nossos colaboradores. A partir daqui é promovida a filosofia da empresa e a própria marca, estando localizada no coração dos escritórios. É muito importante como eles têm mudado, assim como muitas marcas perceberam estas alterações e já estão a concentrar os seus esforços no lançamento de produtos adequados para espaços, como este. As orientações seguem um ponto de vista mais descontraído, flexível e dinâmico. É daí que lançámos um conjunto de produtos focados nestas novas exigências bem como no home office, com um design focado em aspectos como os assentos ergonómicos, com uma estética e funcionalidade mais em linha e adaptável com a decoração da casa. Uma cadeira de escritório tem um perfil muito técnico e agressivo, como tê-la na sala? Penso que há uma falta uma evolução no design de mobiliário de escritório de todas as marcas, elas estão muito focadas em produtos domésticos. A minha opinião é que estamos um pouco estagnados mas esperamos que em breve a Sedus possa surpreender.

Quando é que a marca alemã decidiu apostar numa estratégia de crescimento em Espanha e como, a partir de Madrid, irá trabalhar o mercado português?
Como é factual, Espanha e Portugal tornaram-se um grande atractivo para investimento, mesmo antes da pandemia. Os colaboradores já não procuram apenas salário e estabilidade, procuram uma experiência de trabalho que satisfaça não só economicamente mas também emocionalmente. Isto significa espaços e ambientes confortáveis e atractivos. E onde melhor do que ter esses espaços na Península Ibérica? Se há uma coisa em que somos bons é na experiência de desfrutar a vida, o bom tempo, a boa comida e aqueles pequenos prazeres que nos tornam tão especiais e tanto atraem o turismo estrangeiro. Pois bem, agora atraímos as principais empresas do mundo que estão comprometidas em fornecer espaços profissionais para reter talentos e peritos de diferentes áreas de actividade. Um bom exemplo disso e como referência é o projecto que realizámos em Matosinhos, no Porto, o novo centro tecnológico da empresa líder em marketing e análise de dados, a Kantar. Um trabalho muito especial desde a sua concepção e todo o design ali envolvido, que colocou os seus colaboradores no centro das prioridades.

Como funcionará o novo espaço e que objectivos pretende alcançar a médio prazo?
A ideia é que seja um ponto de encontro, não só para os nosso clientes, onde possam trabalhar nos seus projectos e mostrarmos os nossos produtos, mas também para empresas do sector de design de interiores, tecnologia e associações profissionais. Assim o nosso espaço também está aberto às suas actividades informativas e comerciais. Afinal, a Sedus precisa de outras empresas para poder completar a sua oferta e precisa de profissionais para o desenvolvimento dos nosso projectos. Tê-los por perto e emprestando o nosso showroom parece-nos o mais lógico.

Que indicadores foram utilizados para determinar que este era o momento certo para investir?
Existe um plano de crescimento Sedus estabelecido para os próximos cinco anos, que é muito importante e ambicioso, no qual o mercado ibérico tem muito a dizer. Para além do fantástico trabalho que está a ser desenvolvido pela nossa equipa internacional GCP, alcançando acordos firmados com grandes corporações, nas quais a marca é o principal fornecedor de soluções. Estas empresas têm escritórios em toda a península e o apoio que temos de dar a estes projectos vai ser decisivo. Tendo em conta estes dados e que o investimento em cidades como Madrid, que segundo as últimas pesquisas é já a terceira cidade europeia mais atractiva para investir, mais o facto de Lisboa, Porto, Málaga e Barcelona estarem também, neste aspecto, a aumentar significativamente nos últimos anos, são indicadores determinantes para a marca apostar na Península Ibérica.

Quando é que foi convidado para assumir o cargo de director executivo?
Em Maio de 2023, num processo verdadeiramente curto, talvez facilitado por já conhecer Javier Garcés, director geral há 13 anos em Espanha, e Pedro Almeida, anterior director, que devido a circunstâncias não puderam continuar com o projecto. São eles os culpados de estar aqui hoje, além do comprometimento pessoal de Hartmut Böhlefeld, director das subsidiárias globais, e do próprio Daniel Kittner, membro do conselho. Assim espero responder à confiança depositada e às boas expectativas para o nosso mercado e crescimento. Foi todo um caminho percorrido até à Sedus e que não sucedeu por acaso.

Como é que está a vivenciar estes primeiros meses de gestão e quais os principais desafios que tem no horizonte?
Estão a ser muito emocionantes, intensos e de um grande desafio. É uma grande responsabilidade liderar o projecto Sedus na Península Ibérica. No curto prazo estamos a trabalhar arduamente para melhorar a imagem da nossa marca e dos nossos produtos, razão pela qual a abertura do showroom em Madrid é tão importante, fazendo crescer o nosso posicionamento no mercado ibérico.

Além do novo espaço haverá outro tipo de investimento?
O lógico é o investimento em pessoas que fazem o projecto crescer mas também se procuram, no médio prazo, alternativas de novos espaços para mostrar a nossa empresa e seus produtos.