… Nada, no Humano, é Inquestionável…
Rodrigo Costa
… Crente de que ferirei susceptibilidades, não ser o propósito liberta-me a consciência, por não ser uso, com intuito perverso, desvirtuar factos, na redutora ideia de colher evidência; deixando, em corpo inteiro, a imagem de menoridade… A assunção da realidade deixo-a aos acontecimentos —sujeitos, naturalmente, da falibilidade da interpretação.
Ora!, para falarmos de coisas sérias, temos que ser sérios. Ou seja, admitindo-se-a como desconexa, a visão do analista só não deve ser interessada; manipulada, de acordo com a conveniência; na medida em que, sem obsessivo temor ao erro, há que fugir à tentação de vermos e entendermos como nos apetece, como nos convém. E se é verdade que aquilo de que gostaria, no interesse global, não é o que observo, é sem grande prazer que, sobre o estado a que fizeram chegar a Humanidade, disserto, porque o que está a ser vivido é, seguramente, entre todas as aventuras e desventuras, dos momentos mais negros da sua história.
Após tanto tempo e tanto investimento dedicados à preocupação de evoluir, é caricata a constatação de que a criação e multiplicação de centros de estudo resultou em logro, por legitimar o poder —político e científico— a pessoas que nunca adquiriram verdadeiro conhecimento, por nunca terem sido capazes da aplicabilidade suportada pela inteligência —sendo conhecimento e inteligência coisas muito diferentes: o conhecimento apetrecha a inteligência; a inteligência escrutina e modera o conhecimento, na peocura da razão e modo de aplicabilidade.
Enraizou-se o hábito de eternizar memórias de episódios indevidos, e de pessoas, líderes, que praticaram o inominável; gente que se serviu do conhecimento e dos meios ao dispor, na altura, para dar corpo a ambições degeneradas e sem fundamento, uma vez que a Vida acaba, sempre, por nos mostrar quanto somos ignorantes e impotentes, ao tentarmos dar passos que ultrapassam a amplitude das pernas.
Eternizar lembranças, de Hitler, de Staline, de Mussolini —e de outros que pensaram ludibriar o efémero, com ideias e práticas reprováveis—, tem servido de nada, porque o Tempo, qual catalizador, não altera o Instinto. Sem a mínima intenção de os desculpar, é necessário enquadrá-los no Tempo e na escassez de informação e experiência de futuro. É necessário entendê-los objectos das circunstâncias que produziram a monstruosidade; circunstâncias que, na génese, não desapareceram, são travestidas, dando corpo a monstros que mantêm a estulta ambição de, para além da Humanidade, reformular e controlar a Vida —as mesmas circunstâncias que lhes perturbam a visão, clara, de quem É George Orwell, e me permitem ver que importante não é quem fomos; mas, aquilo em que nos tornamos, ao longo de percurso que tem princípio e fim; com nuances, ajustamentos e reformulações.
Acontece que a ignorância que toldava os monstros do passado não pode ser usada para esboço, sequer, dos monstros do presente. São mais indesculpáveis, hoje, os desmandos de gente que frequentou apetrechadas universidades possibilitando o acesso à análise e à destrinça de indesejáveis passados, sem disso resultar proveito para a Espécie com necessidade de futuro. Antes pelo contrário, liderada por ignorantes e dementes, a Humanidade retrocede, a caminho da escuridão; cientificamente equipada, e decidida a hipotecar a inteligência e o amor-próprio à inteligência artificial —que mais não faz do que ampliar o tamanho do vazio de sensibilidade; que mais não consegue do que escorregar na delegação da responsabilidade de ideias inteligíveis e exequíveis; com todos os projectos humanos condenados à falência, por não contemplarem a coordenação entre Humanidade e Vida…
A que são, então, devidos os desmandos?…
A resposta é simples. A mistura de mediocridade e perversão chegou ao poder. E, do mesmo modo que quem frequenta e, mesmo, concui curso de Filosofia se vê filósofo, há quem pense que ter o domínio das tabelas periódicas e das reacções e comportamentos dos materiais baste para se conciderar cientista, podendo brincar, displicente, em quartos-de-brinquedos, com tudo pago. Como há quem pense que ser advogado ou economista seja suficiente para escorar carreira política, permitindo-se liderar ou participar na liderança de povos… De tombo em tombo, de queda em queda, a Humanidade é vítima do analfabetismo deste tipo de gente que se propõe, perdida, redesenhar e controlar o destino de todo o mundo.
Pensar-se que o problema é a Ciência e a Política é errado. O problema é o tipo de gente que circula, legitimada, nos corredores da Ciência e da Política, descredibilizando a dignidade e a importância do Pensamento.
É investido na tecnologia o que é roubado à EDUCAÇÃO. É investido nas ferramentas o que é roubado ao cérebro e às mãos —compreendendo-se a necessidade de elementos extensores. A uqestão é: para fazer o quê?…
Em resultado, temos hordas de destituídos formados, ostentando títulos, sem argumentos para compreensão do básico. Gente com a qual é penoso qualquer diálogo que procure luz. Tudo se esgota no standardizado, no sem substância. O pensamento-próprio exige fôlego genético, educação e amor-próprio, sujeito ao melindre da intocabilidade; dos que, estúpidos, se entendem únicos credores dos direitos do considerado conhecimento estabelecido… Como se o conhecimento seja indiscutível, e próprio de algum lugar ou de alguém!… Como se a Vida não se exponha a quem, podendo, a queira ver e compreender!…
A propósito, evoco a prelecção do padre, aos tutores, no dia que antecedeu a minha comunhão solene. A dada altura, interpelando o meu pai, diz-lhe nunca o ter visto na missa, ao domingo… Convicto, respondeu que, se Deus está em todo o lado, posso rezar e pedir, atrás de qualquer porta… Isto, dito por um homem que lia aos soluços, não sabendo escrever, a um outro que, tendo passado parte da vida no seminário, nunca chegou a conhecer a natureza de Deus —seja O que for ou Quem for.
Encurtemos o espaço, e dirijamo-nos, objectivos, ao que aqui me trouxe, a tal pandemia. Sem desprimor por quem quer que me leia, vou falar como se para plateia em que estejam os mais sábios dos sábios, os mais conhecedores dos conhecedores; os especialistas mais especializados, com argumentos com que possam contradizer-me.
As epidemias tinham, e têm, precisa origem: a sobrelotação —de uma sala, de uma casa, de um lugar; de uma região, de um país ou do Mundo. Olhamos a montante, e, em todos os fenómenos epidémicos, encontramos a falta de condições sanitárias; a sobrelotação de espaços sem tempo nem dimensão para reciclagem das toxicidades. Os contágios eram, e são, facilitados pelo contacto e pela falta de cubicagem de ar respirável, dado o excessivo número de seres cohabitando, efectiva ou episodicamente, a exiguidade.
Ao retomamos o passado, deparamos com realidades em que as condições de existência eram deploráveis; com o Humano, por ideias e actos, perturbando, a natural manutenção dos equilíbrios. Porém, a Natureza, dispõe de vários planos para repor a ORDEM, por imutabilidade dos princípios. E se a reposição tiver que acontecer com recurso —aos nossos olhos— ao caos… assim será! Sem dó nem piedade.
Todas as doenças são invenção humana. Por efeito do multiculturalismo genético, e de hábitos —alimentares e de conduta— que contrariam os princípios naturalmente estabelecidos. De outro modo —seja Quem for ou O que for—, a Inteligência que deu vida ao Universo teria providenciado laboratórios, farmácias e hospitais. Médicos e enfermeiros nasceriam, já, feitos. Tudo para minimizar o desconforto, a angústia, dos que, por casualidade, sem razão aparente, adoecessem. Juntemos, agora, às mencionadas causas, os efeitos da manipulação genética —no âmbito da alimentação, e, também, na precaução de guerras, apenas, biológicas; na procura, creio!, de poupar armas, balas e património material, cujo valor, à excepção do dos mentores, ultrapassa o valor de todo e qualquer ser.
Quem não se aperceber de que, à medida que o progresso avança, o destino abre e diversifica sucursais —mais destinos tem o destino—, não está atento. Mas, há, por ignorância e comodismo, quem hipoteque a saúde e o prazo de validade ao conforto irracional, por excessivo.
Nos meus dezanove anos, em viagem, de comboío, já em Espanha, de caminho para França, no meio de conversa, dizia a uma rapariga, espanhola, que, em Portugal, as casas-de-banho tinham mãos mecânicas que substituiam as nossas, no uso do papel higiénico…
Como não incluo o número dos chamados negacionistas, não gastarei o tempo com dúvidas, a propósito da existência do Covid e seus derivados. Limitar-me-ei, sem receio de expressar o meu ponto-de-vista, a afirmar que este é um fenómeno novo. Esperado; mas, diferente. Que, envolvendo, tendo por base, inevitavelmente, elementos naturais, é fruto de composição ou composições cientificamente orquestradas. Não há, na Natureza, nenhum vírus com este tipo de comportamento.
Saber-se se a dispersão foi casual ou propositada é outra das interrogações. Como não vi, não estava lá, fico-me pela ideia de falha laboratorial —que, podendo ser contrariada, assenta no facto de todos os projectos humanos serem falíveis; de, mais tarde ou mais cedo, acabarem sabotados pela instabilidade e pelo efémero, com a ajuda dos naturais cansaços, negliências e desgastes das matérias. Chernobyl, por exemplo, ilustra o que não foi planeado..
Sem eliminar a hipótese de plano maquiavélico —sabemos do que são capazes indivíduos que, julgando-se imunes e eternos, têm o poder que o dinheiro confere—, tal plano dificilmente seria concebido por cientistas ou políticos, porque uns e outros tornaram-se, respectivamente, criadas-de-quarto, e eunucos que guardam os haréns de magnatas. Por conseguinte, o papel que lhes cabe é o de, a soldo, assegurarem o expansionismo mercantil de almas de que, só na hora da morte —se puderem falar!—, se ouvirá lamentos e arrependimentos; desfeita a ilusão de vida interminável…
Em que demorarei, então?… Em tudo o que, relativamente a medidas preventivas, foi concebido e implementado. E nas consequências, claro!. De repente, se o desvario não fosse dramático, teria material para montar sátira, porque, na desesperada fuga ao vírus, as populações vêem-se como que sequestradas em manicómio.
Poderemos perguntar se, na generalidade, mereceriam melhor. A resposta é, também aqui, fácil: as populações vivem o resultado da confiança, irreflectida e infundada, em cientistas e políticos. Reparem que não digo, na Ciência e na Política. Por conseguinte, acho que a punição faz sentido, sendo velha a história do aluno que oferecia uma palmatória ao professor, e era quem, primeiro, a experimentava.
Se acham que a Vida dá muitas voltas, garanto-lhes que regressa, invariavelmente, ao mesmo sítio. Ou, se preferirem, passa, sempre, pelos mesmos sítios: morrem todos os ELEMENTOS e MOVIMENTOS, permanecem, eternos, apenas os PRINCÍPIOS.
Apetece-me começar pelas consequências. Porque, ontem, ao final do dia, querendo saber como se encontrava a mãe de um amigo —Senhora que, há três ou quatro dias, deu queda, e fracturou a bacia, tendo que ser internada—, as únicas notícias que tinha eram as de não se saber quando seria sujeita à intervenção cirúrgica. Os médicos não puderam responder se, sim ou não, no espaço de sete dias!!!!…
Não disse; mas, pensei. Melhor fora a Senhora ter sido infectada por Covid!…, dado que a ignorância galopa, e a inteligência anda a passo.
O Serviço Nacional de Saúde está, praticamente, desmantelado. Todas as enfermidades e mortes são toleráveis e descartáveis, se a origem for estranha à preocupação da moda.
Os níveis de pobreza aumentaram, enormemente. Os atendimentos —quaisquer atendimentos— são feitos, em regra, por pessoas assustadas, desorientadas. Os produtos vão a caminho de preços imparáveis, por ser sabido que, após confinamentos, isolamentos e privações sem nexo, as empresas ver-se-iam obrigadas à recuperação de prejuízos. E, como de costume, a razoabilidade confronta-se com o aproveitamento; com o pretexto; e o dislate incide, naturamente, sobre os bens de primeira necessidade, porque os outros —podendo a ausência, dar lugar a frustrações e traumas— são dispensáveis.
Fala-se, então, no negócio. Não falta quem veja, de ponta a pavio, apenas negócio. Planeado?… Talvez! Sei que há —tem havido— o aproveitamento das circunstâncias, porque a abundância é de pessoas sem carácter; muitas delas convictas democratas, concordando e/ou integrando a luta pela igualdade, e apoiando o socorro aos mais desfavorecidos. Quanto de poético há na hipocrisia!…
Condicionando as pessoas, tentaram condicionar o vírus, impondo-lhe risíveis horários e espaços de circulação, dando ideia de que a calendarização fora preparada por quem era perfeito conhecedor dos apetites e das movimentações da criatura. Os fumadores podiam aliviar a máscara, trocando o certo pelo duvidoso, como se o vírus tivesse interesses nas tabaqueiras. Nos restaurantes, enquanto os comensais estivessem com a boca cheia, o perigo de contágio faria pausa. Pede-se às pessoas que evitem aglomerações, exceptuando a sobrecarga nos transportes públicos, porque, quem sabe(?), o vírus preferirá o táxi ou os uber.
Impreparadas, sem chão, por lhes falhar tudo em que acreditavam, o recurso aos ansiolíticos e antidepressivos sobrepõe-se às mais fervorosas orações, porque todo e qualquer deus perde força, se não for ajudado… As pessoas não sabem no que nem em quem acreditar. Nem onde se esconder. E se a vacinação parecia o melhor refúgio, eis que lhes chega a garantia de que nada é seguro; de que o medo deve ser o animal de estimação e companhia, porque, afinal, tudo pode, ainda, acontecer. E, como outro segredo do futuro, saber-se-á o preço a pagar por muitos dos que se enclausuraram, se fecharam, obedientes, em medidas com peso de chumbo; pensadas e implementadas por experts de lata.
Por fim, a aventada hipótese de conjuração política. Plano para reverter liberdades concedidas; o propósito de restringir excessos prejudiciais ao poder e aos negócios do poder…
Sendo outra ideia que não descarto, não é, no entanto, o que me parece. O que salta, aos meus olhos, é, outra vez, a desorientação. Políticos imaturos, impreparados para o confronto com situações exigindo inteligência, educação, princípios e conhecimento básico —nem vale a pena falar de carácter, porque, pelo que se vê, o mercantilismo não poupa a consciência dos que ambicionam o poder; dos que, por isso mesmo, se vêem obrigados a fazer cedências; uma vez que, em democracia, o voto tem valor mais do que considerável. Quem quer o poder, tem que se transformar —se não for, ainda!— em maria-vai-com-as-outras, porque a coerência e a política —não a Política— não combinam.
Eu próprio reconheço que alguma coisa deverá ser feita, para pôr fim à libertinagem; pôr cobro à irracionalidade dos que, em massa, não perceberam, ainda, que toda a liberdade é condiconal. E não adianta passarem a vida a cantar a Grândola Vila Morena, e repetindo o refrão, de poema impensado, segundo o qual a nossa liberdade termina, quando começa a dos outros —como quem reza, à pressa, fingindo acreditar no deus que não lhes protege os interesses. De que forma a reformulação poderia ser feita?… Não pode é ser feita por quem, tendo poder, não pensou nem ensinou a pensar… Ou, pensando, entendeu ser melhor manter a dependência…