Qualidade é a prioridade
 
A Significa é uma agência de design e desenvolvimento de produtos digitais, sediada no Porto, Portugal, cujos trabalhos Dia e Passaporte Natura 2000 foram premiados, este ano, pelo iF Design Award. O foco na qualidade é uma filosofia da qual o colectivo não abdica e o seu percurso demonstra que o trabalho realizado com essa premissa marca a diferença.

Texto: Tiago Krusse
Imagens: Cortesia da Significa

Dia, produto direccionado a mulheres na idade fértil com potencial dificuldade em engravidar e para ser utilizada num contexto de casa e diário.

A Significa foi distinguida com dois iF Design Award 2024 pelos seus trabalhos Dia e Passaporte Natura 2000, que venceram nas disciplinas designadas para interface de utilizador e experiência de utilizador e nas categorias interfaces para media digital e produto ux. Estes dois trabalhos, por esta agência sediada no Porto, já tinham vencido, em 2023, 3 prémios Red Dot, 2 German Design Award, 1 European Design Award e 2 Good Design Award.
Na conversa com Rui Sereno, sócio-gerente na Significa, procurámos perceber como a agência encara a participação nestas competições de design e que tipo de avaliação é feita sobre estas distinções. Desde logo diz-nos que o que define o trabalho da agência é o foco a qualidade, ponto inegociável. Esclarece que os projectos têm várias variáveis como o alcance, a duração ou o orçamento mas no que à qualidade diz respeito sublinha que ela não é tomada como uma variável. Os projectos têm como trave-mestra a qualidade e todos os processos no desenvolvimento de um produto assentam nela, desde a acessibilidade, a sustentabilidade, a programação e que o produto possa ganhar escala e não seja para deitar fora ao fim de algum tempo. As competições de design, sendo um modelo de negócio, são vistas como partes de um processo de evolução, que abrem portas para uma maior exposição e um relacionamento próximo com os agentes do mercado global. Quando há as distinções com prémios elas são tidas como um reconhecimento do trabalho, avaliado por peritos da área, e que servem para reforçar o estatuto de empresa de referência com trabalho de elevada qualidade de design. Rui Sereno é da opinião que as competições de design, aquelas de referência mundial, estão bem organizadas e cumprem a sua missão. Os prémios são caros e têm um custo grande associado à participação e em alguns deles à homologação do próprio prémio. Expressa que os prémios para serem fidedignos deveriam permitir que toda a gente pudesse participar, quer tivessem capacidade financeira para o fazer ou não. Salienta que os prémios têm valor pois muita gente participa e muitas das grandes empresas também. Apesar de não abraçarem toda a gente e serem um modelo de negócio, têm a sua credibilidade e têm o seu valor. Para si os prémios também são uma jogada de marketing mas acabam por ser uma validação do trabalho da equipa, sendo esse um dos propósitos da participação. Para os elementos que participaram num projecto específico isso é um motivo de orgulho e evidencia o caso do Dia que ganhou, à excepção de um, todos os mais conceituados prémios de design do mundo.
A Significa é uma empresa que faz estratégia, design e desenvolvimento de produto, sendo que a programação não é feita de modo isolado. Rui Sereno explica que se um cliente os abordar no sentido único para desenvolver apenas a programação, a agência não o faz. O design tem de ser ponto assente e parte integral do projecto. Quando a equipa tem a possibilidade de fazer o design fazem, para além dele e da programação, a gestão do projecto, a parte de estratégia, a definição do produto, a parte de estruturação dos sites e das aplicações. Trabalham tanto projectos de raiz e com total autonomia como também operam integrando equipas de clientes.

Passaporte Natura 2000 baseia-se num passaporte de aventura pelas áreas protegidas de Portugal e cujo objectivo é ir coleccionado selos através da leitura de códigos QR.

A Significa arrancou, de forma não oficial, em 2014, quando eram apenas três elementos, acabados de sair da faculdade. A empresa foi fundada em 2016 e esses dois anos foram importantes no sentido de uma tomada de decisão relativa ao caminho que ela tomaria. Nessa fase, os então três sócios, pois hoje são cinco, saídos da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, na área de Design de Comunicação, estavam muito orientados para o design gráfico. No arranque e ainda sem uma decisão de futuro tomada, Rui Sereno diz que o contexto inicial era o de captar trabalho e permitir que isso proporcionasse um equilíbrio nas contas da empresa. Nesse período perceberam que o design gráfico iria perder alguma preponderância e que o design digital, no desenvolvimento de interfaces, seria o caminho a percorrer. E há uma coerência nessa decisão de deixar de aceitar projectos de design gráfico isolados, no mesmo modo como encaram o desenvolvimento, portanto só fazem programação quando há design e só fazem branding quando há design de interfaces.
No arranque da Significa a plataforma Dribbble foi crucial para mostrar o trabalho que faziam, Rui Sereno adianta que aquele meio foi importante sobretudo para começar a receber mensagens e contactos de clientes nos Estados Unidos da América. Expressa, de uma forma muito realista, que foi a Dribbble que lhes permitiu levantar voo. Foram colocando trabalhos na plataforma, ganharam visualizações, seguidores e notoriedade, aspectos que se tornaram essenciais para o êxito da empresa.

O logótipo da Significa.

Mais informação em https://significa.co