Design do MUDE
 

O MUDE – Museu do Design, em Lisboa, apresenta a exposição de longa duração “Para que servem as coisas?”. As peças do acervo, datadas entre o período temporal que vai desde 1900 a 2022, têm o propósito de fornecer uma nova leitura sobre a história do design e apresentar o de autores portugueses em contexto e como forma de planear desígnios.

Fotografias e imagens: Cortesia do MUDE – Museu do Design | Luísa Ferreira

Exaltação do plástico. 1960 – 1970. Fotografia de MUDE – Museu do Design | © Luisa Ferreira, 2024.

Depois de um fecho que se estendeu desde 2016 a Julho de 2024, apesar de comunicar e ter inúmeras iniciativas fora-de-portas, e as polémicas em torno das obras e investimento para reforma e reabilitação, o MUDE Museu do Design apresenta, no seu renovado espaço, a primeira exposição de longa duração focada no design intitulada “Para que servem as coisas?”.
Em comunicado por parte da instituição salienta-se que “a organização cronológica permite recuar ao dealbar do século XX e estabelecer diálogos abertos entre as peças de design e a documentação, evidenciando as problemáticas transversais às diferentes épocas e convidando ao debate sobre as práticas do passado e a sua projecção no futuro de cada época.”
O planeamento do espaço de exposição teve do ponto de vista da museografia um desafio proposto, dar primazia à “reutilização de vários materiais da obra do edifício do museu que, não tendo utilidade, iriam para o lixo”.
Relativamente ao acervo e ao historial de um museu do design da cidade de Lisboa , os comunicados do MUDE não fazem qualquer menção à Colecção Francisco Capelo e o encerrado Museu do Design, fundado em 2006, no Centro Cultural de Belém. Dados também importantes para a contextualização museológica, relativa ao design português, na sua relação com os decisores políticos da edilidade, do campo da economia, da cultura e do planeamento urbano. Também é notada uma ausência na identificação dos agentes culturais privados ligados ao negócio coleccionista, no campo do design, com dados e factos também importantes para se perceber a razão dos objectos tornados públicos.

Várias dimensões de “Bom design” nos primeiros anos de guerra fria. 1945-1960. Fotografia de MUDE – Museu do Design | © Luisa Ferreira, 2024.

Comunicado de imprensa do MUDE – Museu do Design
Para além dos núcleos cronológicos/temáticos, a exposição apresenta um núcleo especificamente dedicado ao design como disciplina!de projeto, graças à recente incorporação de arquivos pessoais de designers no acervo do MUDE. A proposta é olhar para quatro trabalhos de Carlos Galamba, José Brandão, Maria Gambina, Cristina Reis, de modo a acompanhar a evolução criativa desde a ideia inicial até ao produto final e a importância do desenho ou o valor do erro nas pesquisas em curso. Este núcleo sublinha também as intersecções do design com a música, teatro e o cinema, e realça como é tão sério pensar o brincar.

É ainda possível conhecer ou rever uma das peças icónicas da Loja Rampa de Francisco da Conceição Silva: o carrossel que definia a espacialidade do piso superior e era visível da rua através da grande montra de vidro. Em 2020, esta peça foi doada ao museu tendo sido restaurada com o objetivo de a preservar pelo seu significado para o património histórico e cultural de Lisboa.

O design, entre a dimensão especulativa e a ação política. Fotografia de MUDE – Museu do Design | © Luisa Ferreira, 2024.

«Para que servem as coisas?» é a interpelação curatorial lançada nesta exposição que se pretende ver aprofundada no programa cultural e educativo. Seguindo o mesmo objetivo, os plintos, bases e vitrinas foram elaborados a partir da reutilização de materiais de construção de anteriores exposições do MUDE e da obra de requalificação do edifício do museu, enquanto a imagem gráfica sublinha o sentido da pergunta-título e a necessidade de se debater mais o decrescimento económico.

Os textos da exposição estão disponíveis em braille português e estão a ser desenvolvidas estratégias que permitam outras formas de ler e ver as peças em exposição. Encontra-se também em fase de finalização o livro «Acervo MUDE – Várias expressões do design», uma coedição com a Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Ficha técnica da exposição:

Programação e curadoria: Bárbara Coutinho
Investigação e assistência curatorial: Inês Correia, Anabela Becho, Inês Matias, Madalena Galvão, Conceição Toscano, Pedro Oliveira, Daniela Esteves, Ana Maria Cunha, Carolina Santana, Madalena Carita, Patrícia Ferreira, Vera Brito
Design expositivo: Coletivo Warehouse
Design gráfico: Gonçalo Fialho

Mais informação em https://mude.pt/